quarta-feira, 29 de maio de 2013

Teus pés





Quando não posso contemplar teu rosto, 
contemplo os teus pés.
 Teus pés de osso arqueado, 
teus pequenos pés duros. 
Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.
Tua cintura e teus seios, 
a duplicada purpura dos teus mamilos,
 a caixa dos teus olhos que há pouo levantaram voo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha. 
Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.

Pablo Neruda

Nenhum comentário:

Postar um comentário